Aos poucos, começa a ficar claro o quanto o a epidemia do novo coronavírus (Covid-19) afeta a atividade portuária brasileira, com impacto nas importações e nas exportações. “O momento inoportuno em que o surto chegou, coincidindo com o Ano Novo Chinês, um período de maior transporte (…) bem como o confinamento das regiões afetadas, tudo isso afeta”, diz Louis Kuijs, da Oxford Economics.
Em seu relatório mais recente, a Maersk – maior empresa de logística integrada de contêineres do mundo – aponta que a China está em fase de recuperação e opera com 80% da capacidade industrial. No entanto, os dias parados por conta da quarentena provocaram atraso nos principais terminais do país, localizados em Xangai, Xingang, Tanjin e Ningbo. No informe, a empresa confirma que alguns terminais estão cobrando de seus clientes “taxa de congestionamento” para carga refrigerada desde o final de fevereiro. Exportadores de frutas, vegetais e carne congelada são aconselhados a buscar portos alternativos.
Com relação ao Brasil, a empresa mantém a previsão de crescimento modesto. “As importações brasileiras começaram bem em 2020, mas estão desacelerando, enquanto as exportações ainda patinam, já que a colheita de soja ainda deslanchará”, aponta o relatório. Segundo Matias Concha, diretor de Produto da Maersk para a Costa Leste da América do Sul, um fator que pode amenizar as perdas brasileiras é a desvalorização do real frente ao dólar. “Com o enfraquecimento da moeda local, há oportunidade de aumentar a competitividade e ajudar os exportadores a encontrarem maneiras mais inteligentes e baratas de enviar mercadorias”, analisa.
Este deve ser um primeiro trimestre difícil para frete industrial, pois a produção industrial vinha apresentando baixo crescimento e, com a epidemia o mês de março pode ser ruim, quando os insumos que deveriam estar chegando aos portos brasileiros não estarão desembarcando, vindos da China. Portanto, não haverá necessidade de levá-los pelas indústrias brasileiras. Em outros aspectos, o setor de transporte está protegido e o Brasil tem grandes chances de não chegar ao ponto de quarentena, portanto, o setor de transporte deve sofrer, mas de maneira temporária.
Fonte: CTN
Edlaine Valiente
Advogada