“DEVEDORES CRONICOS” Um novo fenômeno que vem tomando conta da economia brasileira

Sumário

Endividamento cresce no país, dados do Serasa mostram um contingente de 65,7 milhões de pessoas com contas vencidas, e o valor médio da dívida é superior a R$ 4 mil

Com dívidas no cartão de credito que chegam a R$ 7 mil e boleto da companhia de energia protestado, ela diz que desde que teve seu primeiro cartão de credito, ainda na adolescência, lida com a inadimplência “Entro e saio do Serasa, gasto mais do que ganho”, diz Caroline, 30 anos, define-se como devedora contumaz. “Fico enrolando para pagar as contas. Vou deixar rolar e pagar quando der, porque não dá para lutar contra os juros. ” Sofrendo de uma certa desesperança sobre a sua própria situação financeira.

O caso da bibliotecária esboça a situação financeira atual de milhões de brasileiros.

São 65,7 milhões de pessoas com contas vencidas mostra dados do Serasa e o valor médio da dívida é superior a R$ 4 mil – ambos os dados estão perto da máxima histórica e têm tendência de alta até o fim do ano.

Como no caso de Caroline, quem está devendo na maioria das vezes carrega o problema há muito tempo: segundo a empresa de análise de crédito Boa Vista, 83% das dívidas têm atrasos superiores a 90 dias.

De acordo com o presidente da Return, Lauro Leite, empresa de recuperação de crédito do Santander, além dos problemas com gastos inesperados ou a perda de emprego, a chamada “bola de neve” também ocorre devido à falta de organização financeira.

Segundo ele é comum o brasileiro pagar um cartão de credito com outro cartão de credito. “O brasileiro é cheio de cartões”, diz.

E, segundo o cofundador da Paschoalatto, Eric Garmes de Oliveira, mesmo quem sai da lista de negativados, acaba voltando pouco tempo depois.

Para quem está preso nesse círculo vicioso, diz ele, uma das recomendações é sempre mostrar disposição em negociar e resolver a questão. “Isso é importante para evitar que a dívida seja cobrada judicialmente”, explica.

Luiz Rabi, economista da Serasa, diz que o curso da inadimplência é de alto, por causa da junção da negativa de renda em baixa, juro em alta e inflação galopante. “É um momento ruim do ponto de vista financeiro. Não vai ser simples diminuir o número de inadimplentes”, diz.

O registro de inadimplentes voltou a crescer em maio pela quarta vez seguida em relação ao mesmo mês em 2021, segundo a Boa Vista. O indicador de dívidas em atraso subiu 12,7% e segundo a entidade, a curva continuar “acelerada”.

De acordo com Elle Braude, da Associação Brasileira de Planejamento Financeiro (Planejar), o primeiro passo diante da “bola de neve” do endividamento é buscar ajuda – muitas vezes, vale consultar um especialista. Para ter uma real noção das suas finanças e entender qual o melhor caminho a ser tomado, muitas vezes refinanciamentos e empréstimos podem só piorar a situação.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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